> CASAPONTOCOME: abril 2012

Receita de Pão de erva-doce e canela AKA Folar da Páscoa



(AKA = also known as = também conhecido por)

Ingredientes 

{ 250 ml leite
{ 2 colheres de sopa de manteiga derretida
{ 3 colheres de sopa de vinho do Porto
{ 1 colher de sopa de erva-doce
{ 1 colher de sopa de canela
{ 500 g de farinha preparada para pão brioche
{ 1 ovo batido e açúcar

Preparação, na MFP (máquina de fazer pão)

- Deitar os ingredientes na cuba, respeitando a regra dos líquidos irem sempre primeiro…
- Escolher o programa “Dough” ou “Massa”.
- Ver TV, vaguear pela net por cerca de 1h20… ;)
- Formar uma bola na bancada previamente polvilhada de farinha.
- Colocar num tabuleiro untado e cobrir com um pano. Fica assim em repouso 1h.
- Pincelar e polvilhar, respectivamente com ovo batido e açúcar.
- Cozer a 180ºC por 30 min.

Notas finais

Bem, este folar foi um tão grande sucesso nesta Páscoa, que não poderíamos esperar pela próxima para repetir! Assim, sem os ovos cozidos por cima, vai passar a chamar-se pão de canela e erva-doce e a frequentar as nossas mesas de festa, de lanche e de pequeno-almoço cá em casa! Com uma manteiguinha fica delicioso!

Cabelos à solta


E hoje assisti a mais um exemplo da total falta de formação cívica que vai proliferando alegremente por aí. Devíamos todos ter desconfiado que isto era grave, quando se teve de inventar uma disciplina na escola para ensinar o que devia ser ensinado em casa…



Estava eu a nadar relaxadamente na piscina do ginásio, quando fui atraída pelos guinchinhos de duas crianças na pista ao lado. Nada de estranho nos tempos que correm, em que os pais parecem sofrer de surdez progressiva e são aparentemente imunes a estas manifestações sonoras dos seus rebentos. Era uma família inteira a brincar na piscina: pai, mãe e as duas “piquenas”. Continuei a nadar, agradecendo o facto de usar tampões nos ouvidos. 

Passado algum tempo, fiz uma pausa na parte funda, a ganhar coragem para mais uma pista, quando reparo que as meninas guinchantes, estavam agora, ambas sem touca, a dar mergulhos em direcção à mãe, que as recebia dentro de água. “Ai coitadinhas, que eram pequeninas e carecas.” Não propriamente, uma devia ter 8 e a outra uns 10 anos e ambas tinham cabelo comprido e bem comprido.

Ora eu não ando de touca para ficar mais sexy, ou para a condizer com o fato de banho, até porque ainda estou para conhecer alguém que fique bem de touca. Eu uso touca por respeito aos outros frequentadores da piscina, que não têm obrigação nenhuma de nadar por entre cabelos de gente desconhecida e porque é uma regra de civismo imposta pelo próprio ginásio. Em quase dois anos, foi a primeira vez que vi uma cena destas por lá, mas o que mais me chocou não foi obviamente as crianças terem decidido tirar as toucas, foi a total indiferença dos pais ao facto de as filhas andarem a espalhar cabelos na água onde todos nadamos. Várias pessoas pararam para olhar para aquilo e nem assim houve qualquer reacção.

E durante um bom quarto de hora, as pirralhas mergulharam e nadaram, extasiadas, a espalhar cabelos pela água, perante os gritos de incentivo da mãe: “Agora deixa a tua irmã saltar! Boa! Agora tu!”, e as caras de espanto dos restantes nadadores.  

Será que existe formação cívica para adultos? Uns workshops em horário pós-laboral… nada má, esta ideia. O título podia ser: “Porque você não está sozinho no mundo”, ou “Respeite os outros para ser respeitado”. ou ainda “Pense um bocadinho, vai ver que não dói nada”.

Compras low cost


Quem nos visita habitualmente, já deve ter reparado que a palavra crise não tem grande destaque cá em casa. Aliás, no tapete de entrada desta casa virtual, pode ler-se: “Crise não entra.”
Hoje vou deixar 4 dicas, simples e eficazes, para manter um tapete destes também à sua porta.

Como poupar nas compras?

1 - Faça duas listas

Lembrando que o tempo investido nestes preparativos é dinheiro poupado, retire uns minutos e faça a sua primeira lista: o título é O que gosto de comer e deve incluir o que consome ao pequeno almoço, ao lanche e nas refeições principais. Esta lista pode ser feita em família e ficar afixada na cozinha. Também ajuda a responder à frequente questão: o que é que vou fazer para o jantar?
A segunda lista é a Lista de compras propriamente dita. Aqui, deve incluir os ingredientes para todos os pratos que pretende confeccionar nos próximos tempos. Confira no frigorífico e na dispensa se há produtos a acabar e inclua na lista.  

2 – Compre nos sítios certos

Fazer as compras de carnes no talho, de peixe na peixaria e de frutas e legumes na frutaria, normalmente sai muito mais em conta, do que comprar tudo no hipermercado.  
Para além disso, pode escolher as coisas que compra, adaptar as quantidades ao que precisa e a qualidade é muito superior.

3 – Antes de sair de casa

Antes de sair para ir às compras certifique-se que não tem fome. Ir às compras com fome tem efeitos de peso, na conta… Idealmente deve também fazer as compras sozinha, assim fica mais concentrada. Foque-se no seu objectivo: poupar!
Reúna cupões, promoções e cartões de desconto e use-os na altura de pagar.
Confirme se leva a lista de compras.
Pode ir.

4 – Compare

Compare entre as marcas, consultando o preço por quilo ou o preço por litro. Nas etiquetas dos preços, nos hipermercados, estão lá esses valores, em números pequeninos. Saiba que já descobri iogurtes de marca branca, mais caros que os originais, graças a esta comparação… E que o preço por quilo de batatas fritas de pacote é… incrível!

Em breve, mais dicas, para manter a crise longe. Beeeeem longe.

O ar engorda


Todos conhecemos, pelo menos uma, daquelas pessoas, que comem tudo o que lhes apetece, quando lhes apetece, nas quantidades que lhes apetece e não engordam. E não, não sofrem de nenhum distúrbio alimentar. É o metabolismo… esse safado!

Estes são, possivelmente, dos seres mais odiados da nossa sociedade. Durante quase toda a vida pertenci a esta classe e, logicamente, só dei valor a esta minha condição, quando a perdi: ao passar a barreira dos 30, a balança também decidiu passar a barreira dos 50.  

Conheci uma rapariga que dizia frequentemente que, a ela, bastava respirar para engordar. Ao fim de meses a ouvir o mesmo, tentei observar melhor e constatei que não devia ser só o ar… Ela seguia aquele conselho, de que comer várias vezes ao dia é muito saudável, só se enganava era na qualidade e quantidade dessas pequenas merendas…
A meio da manhã (depois do pequeno almoço que tomava em casa) lá ía um “croissanzito” com queijo e uma meia-de-leite. Ao almoço era o belo prato de comida, a sobremesa ou a sopa e depois, com o café, um bolinho, só para rematar. Passadas umas três horas, qual lactente faminto, já estava numa inquietação para ir ao lanche. O resto nunca vi, porque não jantávamos juntas, mas posso adivinhar… 

Pois realmente o ar, em conjunto com a comida em excesso, pode ter efeitos surpreendentes em certos seres humanos!

Nozes nº 2



(conversa de doidos, há poucos minutos)

Eu: E já reparaste que hoje é “Quinta-feira”? J

Ele: Sim… mas também, Quarta-feira é logo “Domingo”…

Eu: Pronto, mas sempre é um “Domingo” extra, a meio da semana. Um “Domingo” entre “Domingos”.

Nozes nº 1


Eu: Esta sobremesa não deve engordar (enquanto saboreio uma colher de “mousse de oreo”)… Não leva açúcar… nem ovos…

Ele: Pois, mas tem o açúcar das bolachas.

Eu: … e o leite condensado, também deve ajudar!

Ele: Eh (com cara de “estamos-a-comer-uma-bomba-calórica”) nem me digas que isto é leite condensado e bolachas?!

Eu: (Já entre gargalhadas) Achas?... Também leva as natas, para desenjoar! É totalmente light!

"Yes we can!"


Enervam-ne solenemente aquelas pessoas que dizem que não conseguem fazer coisas, que são impossiveis de não conseguir fazer.

Passo a explicar: uma colega minha, um dia chegou do almoço e disse, para outra, que não conseguia beber água. Sim. A estupidez da coisa fez-me levantar a orelha para o que me parecia uma conversa deliciosa de se acompanhar...
“Não consigo, não consigo.”, dizia ela num tom espremido, prolongando muito os iiis. “Agora o meu marido insiste comigo e eu lá tento. Há dias em que até já bebo dois copos. Mas se ele não me disser nada, não adianta, porque eu sozinha, não consigo.”
E foi aqui que voltei ao que estava a fazer, depois de suspirar baixinho e de levantar a sobrancelha esquerda mais do que a direita. Penso que deve ser por isto, que foi bom eu não ter tirado medicina… (por isto e porque provavelmente não inspiraria muita confiança sentir-me mal sempre que visse sangue, ou pús, ou outras coisas do género).
Imagino a minha colega a entrar no meu consultório com aquela conversa. O meu diagnóstico seria rápido: tem tubo digestivo? Tem. Tem capacidade de coordenar o acto de engolir? Tem. Então consegue sim, beber água, vodka, leite, gasolina… tudo o que quiser deitar nessa goela! Passe bem. São 60 euros.  

Isto lembrou-me outra história, quase tão insólita como a anterior… A de um jovem casal, que gostaria de ir passar uns dias fora, ou mesmo só de ir ao cinema a dois, mas não podia. O filho não ficava em casa de ninguém. Nem dos avós, nem de ninguém. Porquê? Porque não conseguia ficar, claro. “Não adianta. Ele não fica. Já tentámos de tudo mas não dá…”
Ora o garoto devia ter uns 3 anos, na altura, portanto está-se mesmo a ver que, se os pais o fossem deixar, por exemplo, nos avós, e o distraíssem para conseguir a fuga para o cinema... Assim que se apercebesse da tramóia, o "piqueno" apanhava o primeiro táxi para casa e ainda passava um raspanete aos pais! Mas afinal quem manda?

Pasta fresca "à la casa"


E lá fiz a primeira pasta fresca na MFP. Já tinha feito à mão uma vez, mas, por um lado, a textura não me convenceu e por outro, fiquei a perceber o motivo das velhas senhora italianas terem aqueles bracinhos roliços!
Fiz um molhinho básico, à base de alho, tomate e manjericão. Polvilhei generosamente com fios de queijo e dourei tudo com um fio de azeite… Tinha de partilhar!

A pasta

Na MFP, programa “Dough”, entraram na cuba: 1 colher de sopa de azeite, 2 ovos, 200g de farinha de trigo e uma pitada de sal.
Estender com rolo depois de pronta, o mais fininha possível.
Cortar como se quiser!
Coze em 7 – 8 minutos.

O molho

Pode ser iniciado enquanto a pasta se faz…
Picar 2 dentes de alho e refogar em azeite. Juntar 2 tomates picados, um pouco de água ou vinho branco e deixar apurar.

Empratando

Nos pratos colocar a pasta, depois de bem escorrida.
Regar com o molho.
Polvilhar com mangericão acabado de picar.
Encher de queijo.
Regar com um fio de azeite.

A foto

Pão e circo


Ultimamente, de cada vez que ligo a televisão, (o que, convenhamos, tem acontecido cada vez menos) parece-me que está sempre a dar futebol. Quando não é um jogo, é a apresentação de um jogo que vai dar, ou os comentários sobre um jogo que já deu ou até notícias sobre um ou vários jogos.

A minha relação com o futebol é assim, como dizer?... inexistente. Sou orgulhosamente ignorante no que toca a esta matéria. Muitas das pessoas que me perguntam de que clube sou, olham para mim como se as minhas antenas verdes se tornassem subitamente evidentes, quando respondo que “não tenho”. Há pessoas que devem acreditar até hoje, que evitei revelar a minha preferência clubística para não ferir susceptibilidades ou para a manter em segredo. Não, não tenho mesmo. Perguntarem-me qual o meu clube é o mesmo que perguntar a vegetariano se prefere os bifes mal passados, bem passados ou assim-assim…

Para mim “derby” é um chocolate que havia antigamente, “jornada” corresponde a um dia de trabalho, “liga” é uma espécie de elástico enfeitado que se usava nas pernas, e por aí fora. Lembro-me que quando era pequena, imaginava como seria maravilhoso ver um “pontapé de bicicleta” em pleno jogo… mas nem na infância perdi muito tempo a imaginar pormenores práticos como: de quem seria a bicicleta, se cada jogador teria a sua, etc.

Portanto, para uma “fã” como eu, há futebol a mais. Acho incrível que certas notícias importantes tenham direito a 5 minutos de destaque no telejornal e depois haja uma meia-hora toda dedicada ao futebol.

E os programas especificamente criados para comentar futebol? Adoro perder uns minutinhos a apreciar: os próprios comentadores fazem-me lembrar um estranho cruzamento entre modelos e cantores-pimba… é ver o azeite a escorrer… Falam como se estivessem a debater assuntos de estado, essenciais ao progresso da nação. Usam adjectivos caros, habitualmente introduzidos fora de contexto, frases complexas e intrincadas para dizer coisas básicas, diz-se “esférico” em vez de “bola”, e isto deve resumir tudo.

Enfim! “Pão e circo”, é o que me faz lembrar…

Receita de bifinhos enrolados com bacon e ameixas


Ingredientes  (duas pessoas)

{ 4 bifinhos (de porco)

{ 8 fatias de bacon

{ 8 ameixas secas

{ 2 dentes de alho

{ 4 palitos para prender

{ Sal qb

{ Azeite qb



Preparação

Temperam-se os bifinhos com sal.

Em cima de cada um, junto a uma das extremidades, coloca-se uma fatia de bacon (não esquecer de tirar a parte do courato, a pele).

Por cima do bacon dispõe-se uma ameixa em pedaços. (Eu faço como se estivesse a descascar o caroço da ameixa e uso a “fatia” obtida.)

Partindo da extremidade que tem esta cobertura, enrola-se o bife de modo a que fique transformado num rolinho bem apertado.

Prende-se com um palito.

Repete-se o processo para todos os bifes.

Numa frigideira põe-se um fio de azeite e os dentes de alho descascados.

Fritar os rolinhos em lume brando, rodando, para que cozinhem uniformemente.



Notas finais

Mais uma receita simples de fazer! Estas são as preferidas cá de casa! O contraste entre a carne de porco e as ameixas é já um casamento perfeito, mas o bacon vem adicionar um saborzinho extra.
Desta vez servi com um arroz de tomate e oregãos bem malandrinho...

Maquilhagem

Já passei dos trinta, mas ao ver as caras das adolescentes de hoje em dia, concluo que acordei para a maquilhagem um pouco tarde! Foi no meu casamento, quando descobri que havia maquilhadoras a cobrar centenas de euros pela maquilhagem da noiva, que percebi que teria de fazer alguma coisa… alternativa.

Quem me conhece, sabe bem que detesto pagar valores absurdos por coisas absurdas, portanto pus mãos à obra. Horas e horas de Internet, horas e horas de testes, tentativas e alguns produtos mais tarde, cheguei aonde queria: um resultado natural mas melhorado! Com a vantagem de gastar muito menos de 100€ em produtos e de poder ficar com eles e usá-los noutras ocasiões, o que não teria acontecido da outra forma.

A partir daí, apercebi-me das diferenças entre uma “cara com qualquer coisinha” e uma “cara lavada”, portanto, rendi-me à maquilhagem. Não uso todos os dias, mas sempre que me quero sentir mais bonita, um pequeno nada faz uma grande diferença! E há dias em que essa diferença é maior…

Para ocasiões mais especiais, posso explorar outros truques e passar um pouco mais de tempo à frente do espelho. Divirto-me imenso e, para mim, fica tudo completamente diferente. O marido, claro, acha que está tudo quase igual… Mas o importante é o quase.

Conseguem ver a diferença nos meus olhos, antes e depois? Pois é... quase!


Flor-de-mel


Numa das nossas visitas (já aqui mencionadas) aos hortos das redondezas, comprámos três fofíssimos exemplares de uma planta, à qual a senhora-dona-do-horto se referiu como “Alisso”. 
Chamou-me logo a atenção porque eu tenho, não sei porquê, uma predilecção por flores minúsculas e perfeitas, como os miosótis, a minha flor preferida desde sempre.
Estas são tão amorosas, que quando as vi e me aproximei, afoguei logo o nariz no meio de tanta mini-flor e uma aroma adocicado fez-me franzir o dito… Era um cheiro tão familiar… Cheirava mesmo, mesmo… mas a quê?? “A mel!” A senhora-dona-do-horto veio em minha salvação, porque, de outra forma, eu ia ficar ali a aspirar pólen, até descobrir que aroma era aquele.
Quando as instalei no seu novo lar, fui pesquisar mais sobre elas e descobri, que um dos seus nomes comuns é precisamente flor-de-mel!
Agora vivem nesta bela taça e de vez em quando, vou lá meter o nariz, para convencer o meu cérebro de que é possivel as flores cheirarem a mel!

4 coisas de Aveiro


Vivi muitos anos da minha vida no distrito de Aveiro e só quando de lá saí, me apercebi que há coisas que são mesmo típicas de lá! E não me estou a referir a nada de tão óbvio como os ovos moles… São "coisas de Aveiro"!

Coisa típica nº 1 – “Os cachitos e o pão de Jamón”

Este foi um meus primeiros choques quando cheguei a Vila Real, caloira de 17 aninhos, e pedi, numa pastelaria, um cachito. O senhor ficou a olhar para mim como se eu tivesse acabado de fazer o pedido em chinês e perguntou “Um quê, menina??” Acho que ainda lhe tentei explicar mas devo ter acabado por comer uma tosta-mista ou qualquer coisa do género…

O cachito é um delicado salgado, de massa muito fofa, num formato mais ou menos equivalente ao do croissant, mas mais fino. É recheado de carne picada (mas de fiambre, chourição e esses enchidos, e não de carne picada cozinhada, como no caso dos pastéis de Chaves…)

O pão de jamón é diferente: é uma espécie de torta, feita de uma massa equivalente à do cachito, mas no recheio leva, para além de algumas fatias de fiambre, paio, presunto e outras, passas e azeitonas. Tem portanto qualquer coisa de agridoce. Mas cuidado! Porque pode ser um perigo para quem não conhece: há padarias onde lhe põem, no recheio, azeitonas com caroço, o que requer algum cuidado durante a mastigação…

Estas duas pequenas iguarias têm origem venezuelana e são o reflexo de uma grande vaga de emigração para esse país, nas décadas de 50, 60, partindo da zona de Aveiro. Quando voltaram, muitos emigrantes abriram as suas padarias, onde fabricavam estas maravilhas. E nós agradecemos!

Coisa típica nº 2 – “As tripas de Aveiro”

Bem, estas “tripas” são mais das praias do que propriamente de Aveiro. Na Costa Nova e na Barra, as duas praias mais próximas da cidade, há várias barraquinhas onde se vendem as tripas.

No fundo são panquecas grossas, mal cozidas, dobradas em forma de embrulho rectangular e recheadas com os mais diversos pecados, dos quais destaco, logicamente, o mais mortal deles todos: o recheio de ovos moles!
A massa é a mesma da bolacha americana, mas em camada mais grossa e mal cozida na máquina. Parte do prazer é observar a confecção, diante dos nossos olhos: depois de algumas dobras feitas com rapidez, com o recheio eleito pelo cliente lá no meio, a tripa é ainda polvilhada com canela e vem para as nossas mãos quentinha a escaldar! É das queimaduras de língua mais saborosas!

Coisa típica nº 3 – “A empalhada”

Mais uma especialidade tão facilmente exportável para outras regiões do país, mas não vejo sinais…

Ora a empalhada é simplesmente o melhor acompanhamento para uma cervejinha fresca, num fim de tarde de Verão, numa qualquer esplanada.

Consiste numa mistura, mais ou menos equilibrada, de tremoços, amendoins e azeitonas. Há sítios onde já só as fazem com tremoços e amendoins, mas a completa, é a melhor!


Coisa típica nº 4 – “O cheiro a Cacia”

Quando se está mesmo a chegar a Aveiro de comboio, pára-se numa estação. As portas abrem, e eis que um cheiro pestilento, levemente parecido com couves cozidas, invade as carruagens – estamos em Cacia!

O cheiro só é “de Cacia” porque a Portucel lá decidiu implementar a sua fábrica de papel nos anos 50. Em toda a região, mesmo a dezenas de quilómetros, é possível sentir ocasionalmente o famoso cheiro. Os locais costumam até associar-lhe previsões meteorológicas, do género: “Amanhã vai chover, cheira a Cacia…”

Descrever o cheiro é praticamente impossível, mas digamos que uma vez que se cheire, não mais se esquece…

Bacalhau à Brás


Esta é uma das minhas receitas de eleição para aqueles dias em que não quero ter trabalho nenhum, nem perder tempo nenhum e ter uma refeição saborosa e bonita em três tempos. Mas cuidado que tem truque!

Ingredientes  (para 2 / 3 pessoas)

{ 300g Bacalhau desfiado e demolhado
{ Azeite qb
{ Leite qb
{ 1 Cebola grande
{ 2 dentes de alho
{ 1 pacote de batata frita palha
{ 3 ovos
{ Salsa e/ou azeitonas pretas para decorar.


Preparação, passo a passo…

 Num tacho fundo (já vai perceber porquê) refogue o alho e a cebola picadinhos no azeite.

Junte o bacalhau cortado em pedacinhos e vá mexendo. Pode adicionar um fio de leite se ficar muito seco.

Adicione as batatas fritas e envolva (o tacho deve acomodar a mistura e permitir este “envolver” sem deitar muita coisa para o fogão…).

Bata os ovos e junte ao preparado anterior, mexendo bem, só durante o tempo necessário para cozinhar os ovos.

Decore e sirva.


Notas finais

Este prato não deve levar sal. Mesmo no fim, antes de juntar os ovos, prove para ver se precisa. Normalmente não vai precisar, porque as batatas fritas são já salgadas, mas se achar que faz falta, junte o sal aos ovos crus e é mais fácil de temperar assim.

Procure bem as batatas fritas na altura das compras, porque costumam ser mais caras que o normal, por serem palha! Há marcas que são muito mais baratas, mas tem de procurar.


Versão anti-crise

Troque o bacalhau por paloco, faça as suas próprias batatas fritas caseiras, incremente com leite e pão demolhado e é ver o preço da receita a desceeeeeeer ainda mais! O sabor, esse não tem preço!