São 8h40 da manhã (“da madrugada”, grita o meu cérebro).
Estou no comboio, quase a chegar ao trabalho. À minha frente, duas senhoras
partilham as agruras da maternidade com o resto da carruagem silenciosa. Diz
uma delas:
"Onte à noite, a minha mainova armou-mum berreiro, nem queiras
saber. "
(penso sobre como se “armará” um berreiro…)
"Estava na sala e manda um berro que o pai até lhe veio perguntar o que tinha sido! E ela “Ah, foi a máinhe que me deu uma sapatada na cara!” Olha, eu fiquei… viro-me pra ela e só lhe disse “Eu desfaço-tesse cuue!”
(Sinto uma gargalhada a entalar-se-me na garganta e desvio rapidamente o olhar para a janela. O vidro devolve-me o meu reflexo, com uma expressão de quem vai rebentar de riso a qualquer instante. Volto a olhar em frente.)
A senhora repete, depois de uma pausa dramática: Eu desfaço-tesse cuue!
Inspiro devagar e controlo um sorriso teimoso. Aaah, o que eu gosto de andar de comboio!
(penso sobre como se “armará” um berreiro…)
"Estava na sala e manda um berro que o pai até lhe veio perguntar o que tinha sido! E ela “Ah, foi a máinhe que me deu uma sapatada na cara!” Olha, eu fiquei… viro-me pra ela e só lhe disse “Eu desfaço-tesse cuue!”
(Sinto uma gargalhada a entalar-se-me na garganta e desvio rapidamente o olhar para a janela. O vidro devolve-me o meu reflexo, com uma expressão de quem vai rebentar de riso a qualquer instante. Volto a olhar em frente.)
A senhora repete, depois de uma pausa dramática: Eu desfaço-tesse cuue!
Inspiro devagar e controlo um sorriso teimoso. Aaah, o que eu gosto de andar de comboio!
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