> CASAPONTOCOME: abril 2015

Sou uma doninha


Desde que me mudei para esta belíssima região Minhota, que verifico a existência de mais um maravilhoso sotaque, para adicionar à minha bela (e já longa) colecção. Lembro-me, há uns anos atrás, de ir na rua e ouvir uma senhora a gritar, para um cãozito que saltava aos seus pés, todo contente: “Quem é o cão mais bonito da sua dóninha, quem é?” Claro que eu e o Homem da casa achámos piada, comentámos entre nós e pronto.
Quando o gato Matias chegou cá a casa, começámos a identificar-nos, na brincadeira, da mesma maneira. Por exemplo, eu chegava a casa e o HDC* dizia-lhe “Quem é, Matias? É a dóninha?” E o que começou como brincadeira, acabou como hábito e agora somos um dóninho e uma dóninha… é oficial.  

*Homem da casa


Renovar o ar

É bom fazer renovações ao longo da vida, grandes, pequenas ou ambas. Mudar tudo, ou pouca coisa que seja, à nossa volta, dá logo um sabor a novo e a fresco.
Durante anos, quando não podia renovar mais nada, mudava móveis, quadros e objectos de sítio na minha casa e tudo parecia novo. Mesmo que fosse trocar a posição da cama, de um móvel ou de uma estante, no quarto, já era bom. Era uma energia nova que circulava e isso sempre me soube muito bem.

Agora, surgiram-me novas rotinas, novos horários, novas regras, novas pessoas e responsabilidades. Tudo volta a ser novo e há tantas possibilidades… Renovou-se o ar. Obrigada, vida!  

Sorteio Mágico INOX


E chegados os 300 likes na nossa página de Facebook, chega finalmente o sorteio!
O vencedor (listado via random.org) foi o Pedro Oliveira a quem enviaremos o fantástico sabonete mágico inox. Parabéns!
Aos restantes participantes, muito obrigada! Novos passatempos em breve! 



Vidas


Como já aqui mencionei, a vida tem as suas surpresas. Podia viver em permanente luta para tomar as rédeas da vida e forçá-la a ser exactamente como eu quero, mas temos de ir complementando teimosia com realismo.
A vida acaba por mandar mais do que eu e tudo acaba por mudar, quase sem nos darmos conta. Ainda ontem, tinha todo o tempo do mundo, já a parecer tempo demais para gerir, e, de repente, volto a não ter tempo, porque optei por vender parte dele. A vida é mesmo assim e o hábito de deixar a vida correr, em vez de lutar contra os caminhos que ela nos impõe, há-de tornar-se mais natural para mim. Como se costuma dizer: “É a vida!”

Alerta: fios, fitas, linhas e gatos

Tenho de alertar outros donos de gatos para algo que eu desconhecia totalmente. É daquelas coisas que parecem inofensivas e, afinal, até podem matar o animal e que todos os donos de gatinhos deviam saber. Se eu tivesse conhecimento do que vou passar a explicar, tinha evitado passar 2 dias de preocupação permanente, como acabei de passar…
O nosso Matias (o gato mais fofinho do mundo, claro, ou não fosse o nosso) adora brincar com fios e fitas. Sempre vi outros gatos a fazerem o mesmo, portanto, achei que fosse um hábito felino normal e sem qualquer perigo.
Anteontem, o Sr. Matias estava na cozinha comigo, a brincar com uma fitinha vermelha de tecido. Eu estava a fazer o almoço e ouvi atrás de mim um barulho estranho, olhei e ele estava a morder a fita. Ok, brincadeiras de gato, não liguei. Voltei a virar-me para o fogão e poucos minutos depois, olho para ele e vejo uma pontinha da fita já a desaparecer para dentro da boca. Assustei-me, claro, até porque nunca me tinha apercebido que ele comesse nada que não fosse comida, mas já não podia fazer nada. A fita tinha uns 30 cm e era fina, talvez com 0.5 cm de largura. Ligo para a veterinária, à espera de ouvir qualquer coisa como “Deixe lá isso, não é nada de especial” e ela fala-me em cirurgia e muitos riscos e eu entrei em pânico, claro. Depois de investigar um bocado, percebi que os gatos podem engolir estas coisas, designados por “corpos estranhos lineares” que podem depois obstruir o sistema digestivo, o que pode ser mesmo grave, ou simplesmente passar e sair, pelo vómito, ou nas fezes.

Decidimos deixar a natureza actuar e ver se a fita saía sozinha, por uma extremidade ou por outra. Por recomendação veterinária, demos-lhe aquele gel das bolas de pelo, para hidratar o sistema digestivo e facilitar o processo. Ficámos em modo alerta-gato, porque, ao mínimo sinal estranho (vómitos, apatia, deixar de comer ou de ir à areia) teria de seguir para cirurgia. Pois, foram 2 dias horríveis: cada visita à areia era uma festa... seguida de inspecção (sim, é isso mesmo, cada “presente” teve de ser analisado, em busca de sinais da fita) até que, hoje de manhã, totalmente inteira e dobradinha dentro de um cocó, a desgraçada da fita vermelha lá saiu, passadas quase 48 horas. Isto foi mesmo o melhor do melhor que poderia ter acontecido. Nestes dias (que me pareceram semanas) li relatos de gatinhos que ficaram com pedaços de fio ou fita pendurados do rabito, porque não saíram de uma só vez. Nestes casos, NUNCA se deve puxar (poderia ferir internamente o intestino do bichano), mas sim cortar e esperar pela próxima ida à areia. Falem sempre com o veterinário mas, acima de tudo, cuidado com fios, fitas de embrulho ou de tecido, atacadores, linhas e afins. Eu e o Matias deixamos o alerta!  

Procissão Ecce Homo, em Braga

Uma das coisas boas de ter tempo, é poder estar mais atenta aos eventos culturais da minha zona e programar visitas e passeios, em vez de ouvir falar das coisas já depois de acontecerem.
Há anos que vejo, na televisão, reportagens sobre a semana santa de Braga e uma certa procissão, que sempre me fascinou: a Procissão do Senhor Ecce Homo, também conhecida pela Procissão do Senhor da cana verde. Normalmente, penso: “mais um ano em que não fomos…”, mas, desta vez, ainda fui a tempo!

A figura mais cativante (pelo menos aos meus olhos ateus) é, sem dúvida, a do farricoco: embrulhados em vestes pretas, com cordas à cintura, descalços e encapuzados, agitam matracas negras, ruidosas, ou transportam fogaréus em chamas e são eles que abrem esta procissão. Há um andor apenas, onde se exibe uma figura de Jesus, empunhando uma cana verde, mas muitas são as cenas bíblicas representadas pelos figurantes e a procissão demora cerca de uma hora a passar, tantos são os participantes.


O que mais me impressionou foi o silêncio sepulcral, que nos parece impossível à partida, quando estão milhares de pessoas a assistir, nas ruas, janelas e varandas. E também os cheiros: os farricocos deixam um cheiro a queimado e a petróleo quando passam e, no final da procissão, o aroma adocicado do incenso enche as ruas. Gostei muito de assistir, estava uma noite morna e deliciosa para andar na rua e mesmo para não-católicos, é uma experiência rica e interessante.