Foi
uma experiência memorável para mim, fazer este trilho. Voltei ainda mais
apaixonada pelo Gerês e com uma leve sensação de invencibilidade.
Por
mais que uma vez tive de parar, vazia de palavras, com um sorriso na cara e quase
sem fôlego. Não pelo cansaço, mas pela beleza quase excessiva do local. Parei,
olhei em volta e tive a noção plena de ser impossível registar aquela paisagem
para além da minha memória. Nunca caberia numa fotografia e nem um vídeo lhe
faria justiça.
Para
uma pessoa como eu, pouco adepta de actividades físicas, foi uma surpresa o
quanto que gostei deste trilho. Estou já a pensar no próximo!
Deixo
aqui alguma informação que pode ser útil a quem queira passar por esta
experiência deliciosa, mesmo que não seja grande desportista. Sim, é possível!
1- Equipamento essencial
O
calçado é o mais importante. Muitas zonas têm terra batida e pedras soltas. A
descida para as lagoas também requer algum cuidado e as rochas lisas naquela
zona podem ser perigosas, portanto um calçado com boa
tracção é o mais importante.
O
destino são 7 lagoas paradisíacas, de água cristalina, onde é possível dar um
mergulho (ou vários) portanto, em dias que o permitam, o fato de banho é importante.
Em
dias de sol é recomendável usar chapéu,
mas de resto basta que vista roupa confortável para caminhar.
Água e mantimentos para algumas horas,
naturalmente.
Acho
também importante levar o telemóvel.
Se tudo correr bem, só o vai usar para tirar fotos, mas em caso de emergência,
no meio da montanha pode ser a única forma de pedir ajuda.
O
trilho está bem sinalizado com marcações PR (pequena rota), não foi necessário
recorrer a auxiliares de navegação.
Mariola |
2- Como são os caminhos?
Da
minha experiência, os trilhos no Gerês podem ser um pouco selvagens, com
vegetação a invadir a passagem e a deixar-nos a pensar “Porque raio não trouxe
a catana?” ou então “Porque não vim antes de calças?”.
Não
é o caso deste. Os caminhos são abertos e limpos. Vê-se bem por onde temos de
ir e há zonas de estradão em terra batida. As partes mais estreitas têm uns 50
cm de largura.
Zona estreita do trilho das 7 Lagoas |
3- Sol e sombra
Quase
todo o trilho é exposto ao sol. Para peles mais sensíveis o protector é
essencial, dependendo da indumentária. Poucas são as sombras ao longo do
trajecto, portanto também não recomendo a fazê-lo em dias de muito calor.
4- Medo de alturas?
Em
certas zonas, o caminho desenha-se de forma a deixar ver a encosta até lá
abaixo. Acontece poucas vezes, mas fica a dica para quem for sensível a estas
coisas.
5- Distância total
Começámos
na aldeia de Xertelo, onde deixámos o carro. Passámos logo perto do fojo do lobo
e seguimos o trilho. No total, são cerca de 12 km a pé: 6 km até às lagoas e
faz-se o mesmo caminho para voltar. O trilho não é totalmente plano mas quase.
Há zonas de declive, mas nada de muito grave para as pernas.
Fojo do Lobo |
6- E as dores?
Relembro
que eu não faço exercício regularmente.
Quando
fizemos os passadiços do Paiva, andei 3 dias cheia de dores musculares e pensei
que agora seria equivalente. Não é. Os desníveis maiores deste trilho não se
comparam a subir e descer centenas de degraus. No dia seguinte acordei com
algum desconforto muscular, mas no segundo dia estava recuperada.
7- Quanto tempo demora?
Para
fazer tudo com calma, acho que 3 horas para caminhar e 2 horas para estar nas
lagoas é mais do que suficiente.
Aconteceu-nos
uma coisa espantosa. À ida demorámos cerca de 1h40 a chegar à lagoas. Íamos sem
grande pressa e tirámos bastantes fotografias. Quando chegámos, a água fresca
fez milagres pelos meus pezinhos e pernas cansadas. Ainda ficámos cerca de 1
hora a descansar e a apanhar sol. Quando decidimos começar o caminho inverso,
pensei para mim “Agora é que vai ser. Vamos demorar muito mais, porque já tenho
os músculos cansados... “ E, na verdade, fizemos todo o percurso rapidamente,
sempre na conversa e sem paragens. Demorámos apenas 1h00! Ainda não sei como
aconteceu, mas acredito na magia do Gerês.
Lagoa 1 de 7 :) |
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