Uma
das coisas boas de ter tempo, é poder estar mais atenta aos eventos culturais da
minha zona e programar visitas e passeios, em vez de ouvir falar das coisas já depois de acontecerem.
Há anos
que vejo, na televisão, reportagens sobre a semana santa de Braga e uma certa
procissão, que sempre me fascinou: a Procissão do Senhor Ecce Homo, também
conhecida pela Procissão do Senhor da cana verde. Normalmente, penso: “mais um ano
em que não fomos…”, mas, desta vez, ainda fui a tempo!
A
figura mais cativante (pelo menos aos meus olhos ateus) é, sem dúvida, a do
farricoco: embrulhados em vestes pretas, com cordas à cintura, descalços e encapuzados,
agitam matracas negras, ruidosas, ou transportam fogaréus em chamas e são eles
que abrem esta procissão. Há um andor apenas, onde se exibe uma figura de Jesus,
empunhando uma cana verde, mas muitas são as cenas bíblicas representadas pelos
figurantes e a procissão demora cerca de uma hora a passar, tantos são os
participantes.
O
que mais me impressionou foi o silêncio sepulcral, que nos parece impossível à
partida, quando estão milhares de pessoas a assistir, nas ruas, janelas e
varandas. E também os cheiros: os farricocos deixam um cheiro a queimado e a
petróleo quando passam e, no final da procissão, o aroma adocicado do incenso enche
as ruas. Gostei muito de assistir, estava uma noite morna e deliciosa para
andar na rua e mesmo para não-católicos, é uma experiência rica e interessante.
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