Na
sexta-feira foi dia 13.
Decidimos ir jantar fora e lembrámo-nos de ir à
inauguração de um restaurante de hambúrgueres artesanais. Enquanto esperávamos
pela mesa, ficámos numa esplanada próxima, aproveitando a temperatura ainda
agradável e pouco usual para esta época. Muita gente na rua. O restaurante estava
bonito e moderno, com boa música ambiente e todas as mesas cheias. Famílias,
casais, grupos de amigos… conversas animadas. Esperámos uma eternidade pelos
hambúrgueres mas nem me importei, estava tudo delicioso e aproveitámos para rir
e conversar. Ao sair do restaurante, passámos por um café onde, na TV, uma
notícia me chamou a atenção: passava em rodapé “tragédia em Paris”.
Arrepia-me
pensar que, pessoas como nós, com percursos de fim de dia exactamente iguais ao
nosso, perderam tanta coisa naquela sexta-feira 13. Alguns, a própria vida e, todos
os outros, e por tempo indeterminado, perderam a segurança. Esta liberdade de andar pela
vida sem pensar muito nisso, sem ponderar a hipótese de que alguém nos pode
tentar matar, a troco de nada; A liberdade de poder estar num espaço público, sem olhar
para as pessoas que passam perto de nós, para quem entra, para quem se aproxima. A liberdade de viver em paz.
Espero
que o medo se dissipe.
Arrepiam-me
as faltas de liberdade.