Sou
exigente na restauração por ser uma área que conheço bem e porque comer fora é
das coisas que mais gosto de fazer. Assim sendo, quando vou a um restaurante,
avalio tudo, desde o atendimento, à comida, ao ambiente e decoração... Tudo, tudo,
até às casas de banho. Normalmente atribuo uma nota mental aos sítios onde vou
e é com base nisso que elejo os meus sítios preferidos e aqueles onde só vou uma
vez. Contam-se pelos dedos da mão os restaurantes a que dei notas acima de 9 (de
0 a 10) mas ontem confirmei mais um. Chama-se DUHO e fica em Guimarães.
Ontem
fomos celebrar, a dois, uma das nossas datas especiais e repetimos uma
experiência, para nós, irrepreensível a todos os níveis.
O
espaço é calmo, acolhedor e muito agradável. A decoração é simples, mas com um
grau de bom gosto e atenção aos detalhes muito acima da média. O atendimento é
perfeito: os empregados são simpáticos, muito atentos e eficientes, mas sem
cair naquele exagero de perguntar de 5 em 5 segundos se está tudo bem, nem
naquela conversinha fiada para tentar despachar mais umas entradas ou o melhor
vinho, coisas que normalmente me enervam.
Ontem,
comemos lombos de bacalhau fresco seguidos de umas costelinhas de borrego. Não
há palavras, cada garfada gera uma explosão de sabores e texturas que forçam os
olhos a semicerrar e a boca a saborear. Tudo é perfeito, todos os
acompanhamentos, as quantidades, os pontos de cozedura, os equilíbrios
delicados de sabor. Cada ingrediente fala por si, sem estar mascarado com
excessos de coisa nenhuma. Houve uma cebola assada a acompanhar o lombo de
bacalhau, que era isso mesmo, cebola assada, mas ao mesmo tempo surpreendente,
pela riqueza de sabor e doçura.
Normalmente, para se ter acesso a um empratamento cuidado, moderno e lindíssimo, as doses
costumam ser microscópicas, e isso aqui não acontece. Aliás (coisa rara em
restaurantes deste nível) existem meias-doses para uma pessoa e as doses chegam
e sobram para dois. A relação qualidade/preço é boa e justa: os preços não são
baratos, mas também não são impeditivos.
Guardámos
propositadamente espaço para a sobremesa e foi espaço bem reservado e ainda melhor
preenchido: um tiramisú e um crumble de maçã com gelado. No fundo da
minha tacinha do tiramisú (que tem tudo o que o tiramisú deve ter) esconde-se
uma espuma fresca de café que pega no nosso cérebro e o projecta para o céu do
sabor. O crumble (de onde roubei uma colherada gulosa) tem umas pontuações
crocantes, uma maçã doce, cremosa e servida morna, tudo coroado pela bola de
gelado (escolhemos de baunilha) e um fio de coulis
de frutos silvestres… Estes dois meninos fecharam com chave de ouro uma
refeição… perfeita. E não, não ganhei nada para escrever isto, mas não me
importava. E vai ganhar quem lá for, certamente.