Ontem
à noite, no meio do remoinho de pensamentos e ideias angustiantes que me
tiravam o sono, apercebi-me que ando a viver em todos os tempos menos neste,
senão vejamos: acordo a pensar no quanto que me apetecia dormir, arranjo-me a
pensar que já devia estar a tomar o pequeno-almoço e como a pensar nas coisas de
que não me posso esquecer quando for para o carro.
Conduzo
a pensar em chegar ao trabalho e trabalho a contar as horas que faltam para ir
almoçar. Ao almoço, mal consigo comer, porque estou stressada com o que
aconteceu de manhã, ou com o que vai acontecer de tarde, ou ambos. Regresso e repito
a dose, até ser hora de sair.
Eu,
a maior propagandista do viver no agora,
do aproveitar o momento presente ao
máximo, ando assim, distribuída entre o passado e um futuro cada vez mais
estranho.
-
“E então, como correu o teu dia?”.
-
“Normal”.