E
chegou finalmente o bom tempo de Primavera: calor e sol, sem notícias de neve
nas terras altas. Ao fim do dia, fomos até ao parque da cidade. Péssima ideia!
Fomos para dar uma caminhada calma, conversar e celebrar o início
do bom tempo. Imediatamente senti que precisava de óculos de sol: estamos
rodeados de peças fluorescentes por todo o lado! São sapatilhas, tops, calças, casacos,
tudo em rosa e amarelo-néon. As pistas são pedonais, no máximo circula uma ou
outra bicicleta e alguns triciclos, porquê tanto néon se não há risco sério de
atropelamento? Desconheço e sigo o meu passeio, agora com os olhos mais
protegidos.
Parece que me desloco em câmara lenta, tal é a velocidade com que somos ultrapassados
por tantos corredores. Uns sós, outros em grupo, que correm enquanto tentam
manter uma conversa... Eh amigos, há uma esplanada ali em cima. Sentavam-se,
trocavam umas ideias e depois dedicavam-se à corrida, que tal? Assim mais parece
um concurso para ver quem é o primeiro a cuspir um pulmão.
No final do passeio, estava
eu a pensar em como melhorar a minha condição física, fazendo o mínimo esforço
possível, quando começo a ouvir atrás de nós, uns gemidos ritmados que me
remetem (má escolha de verbo, talvez) para cenas pouco condizentes com um
parque familiar. Eu e as corredoras de rabo (ainda) balofo que seguem à minha
frente viramos a cabeça com ar intrigado. Ao longe, surge um senhor baixinho,
de cara já levemente arroxeada e a escorrer suor, que nos ultrapassa em grande
velocidade, soltando grunhidos bem sonoros a cada duas expirações. Todos esboçamos
um sorriso à sua passagem.
Ah,
que saudades tivemos da Primavera!
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