São quase onze horas de uma noite de temporal.
Cada um no seu sofá.
Eu tenho a manta.
Já dormi e acordei algumas vezes durante o filme, mas agora acordei de vez com uma explosão e vou ver o resto, decido.
Ele apercebe-se, não sei como, do meu despertar definitivo, gira a cabeça na minha direcção. “Já acordou?...”, pergunta. Sorrio.
Passados uns minutos de absoluta concentração no filme, a sala numa silenciosa penumbra, ele voa do sofá, de comando na mão, fica de gatas no tapete e desata a bater com o comando no chão junto às cortinas. Atónita, sento-me num pulo. “O que foi??” Vejo uma coisa preta a saltar depois da última pancada no chão… Era a tampa das pilhas do desgraçado comando. “Era uma aranha, mas fugiu.” Sinto um arrepio, principalmente por saber que não era qualquer aranhiço que lhe causaria aquela reacção. Vejo ao longe o bicho a equilibrar-se sobre o rodapé, pata ante pata, numa provável tentativa de passar despercebido.
Minutos, lanterna e insecticida mais tarde, o bicho, não muito pequeno, por sinal, encolheu-se numa bola de patas e recolheu-se junto à janela. Oiço as vozes imaginárias dos meus alunos na frase tantas vezes repetida “Mas a professora é de Biologia!” e respondo, também mentalmente “E quê? Alugava-lhe um quarto cá em casa, não?”. O novelo escuro que era a aranha começa a desenrolar-se novamente, estilo contra-ataque... Antes de poder soltar o ar que estava a inspirar, provavelmente num grito, surge uma vassourada estratégica que lhe gora os esforços. Meu herói…
Eu não vou a casa delas sem ser convidada, portanto agradeço que também não me visitem.
Cada um no seu sofá.
Eu tenho a manta.
Já dormi e acordei algumas vezes durante o filme, mas agora acordei de vez com uma explosão e vou ver o resto, decido.
Ele apercebe-se, não sei como, do meu despertar definitivo, gira a cabeça na minha direcção. “Já acordou?...”, pergunta. Sorrio.
Passados uns minutos de absoluta concentração no filme, a sala numa silenciosa penumbra, ele voa do sofá, de comando na mão, fica de gatas no tapete e desata a bater com o comando no chão junto às cortinas. Atónita, sento-me num pulo. “O que foi??” Vejo uma coisa preta a saltar depois da última pancada no chão… Era a tampa das pilhas do desgraçado comando. “Era uma aranha, mas fugiu.” Sinto um arrepio, principalmente por saber que não era qualquer aranhiço que lhe causaria aquela reacção. Vejo ao longe o bicho a equilibrar-se sobre o rodapé, pata ante pata, numa provável tentativa de passar despercebido.
Minutos, lanterna e insecticida mais tarde, o bicho, não muito pequeno, por sinal, encolheu-se numa bola de patas e recolheu-se junto à janela. Oiço as vozes imaginárias dos meus alunos na frase tantas vezes repetida “Mas a professora é de Biologia!” e respondo, também mentalmente “E quê? Alugava-lhe um quarto cá em casa, não?”. O novelo escuro que era a aranha começa a desenrolar-se novamente, estilo contra-ataque... Antes de poder soltar o ar que estava a inspirar, provavelmente num grito, surge uma vassourada estratégica que lhe gora os esforços. Meu herói…
Eu não vou a casa delas sem ser convidada, portanto agradeço que também não me visitem.