Nos
últimos tempos, tive oportunidade de participar em entrevistas de emprego de
duas formas diferentes, e, em ambas, assisti a situações inacreditáveis. Apesar
da minha idade e experiência de vida, quando penso que já pouca coisa me surpreende,
eis que me cai o queixo, mais uma vez, e outra, e outra...
Ora
então, tive de telefonar a pessoas que já tinham enviado o seu CV, mostrando
interesse numa oferta de emprego, para marcar a entrevista. Os
candidatos disseram-me coisas fantásticas, como:
“Não dá para ser mais tarde?
É que às 9h00 é um bocado cedo…”;
“Amanhã às 9h00? Olhe
deixe-me ver se posso e eu já lhe ligo.” – E não voltei
a ter notícias do senhor;
“Olhe, eu vou, mas aviso já
que não me interessa fazer descontos…”
Pois,
e isto foi só o começo.
No
dia da entrevista, apesar de ter feito os agendamentos na véspera, várias
pessoas faltaram, outras chegaram atrasadas. O que também me parece bem. Porquê dar uma falsa ideia de
responsabilidade e pontualidade a um potencial empregador?
Ao
ligar para uma rapariga que estava a faltar, ela atende com uma voz nasalada e
diz-me “Ai olhe, não pude ir, acordei cheia
de febre, marque-me para logo à tarde.” –
Doenças misteriosas que aparecem já com duração definida: só atacam da parte da
manhã.
Antes
da entrevista, cada candidato tinha de preencher uma ficha. Quantas pessoas trouxeram
caneta? Aí 1 em cada 10.
Numa
segunda remessa de contactos que fiz, referi explicitamente que tinham de
trazer caneta para a entrevista: só metade se esqueceu, já foi melhor…
Recentemente
fui eu a uma entrevista colectiva. Todos recebemos um emaiI de convocatória, informando
que a mesma teria a duração de 1 hora. A todas as entrevistas a que vou, levo uma
caneta e um caderno. Mas, neste caso e com esta duração, assumi que não iríamos
jogar às cartas e pareceu-me ainda mais lógico ter comigo material de escrita. Éramos
6 pessoas: eu e outro candidato levámos caneta, os outros 4 tiveram de pedir
aos entrevistadores, o que fica sempre bem.
A
empresa é grande e conceituada e a função tem algum grau de responsabilidade. Uma
rapariga foi de sapatilhas, outra a mascar pastilha elástica e uma terceira de
t-shirt e calças de ganga desbotadas. Não estou a dizer que as pessoas se devam
vestir de gala para uma entrevista de trabalho, mas acho que há mínimos.
Durante
a entrevista, (não antes, mas sim, durante)
ouve-se pela sala um ruído grave e ritmado: uma das candidatas deita a mão à
mala (onde não se deu ao trabalho de enfiar uma caneta) e tirou o telemóvel, ao
qual tirou o som.
Foi
perguntado a todos há quanto tempo estavam desempregados e porquê. A maioria
estava sem trabalhar há mais de 1 ano.
Uma
rapariga, a das calças de ganga e t-shirt, que não levou papel nem caneta para
a entrevista, que não se informou previamente sobre a empresa, que disse adorar
falar línguas, mas que não conseguiu elaborar uma frase simples em Inglês e que
respondeu sempre em tom arrogante e autoritário a todas as perguntas, apontou
como motivo para estar ainda desempregada
“Mau-olhado.”