> CASAPONTOCOME: junho 2015

Eu e as sardinhas


Não como sardinhas. Ponto. E, se me quiserem irritar, é só insistirem quando eu digo que não como: “Come só esta, é mesmo boa, vais ver que vais gostar!” Senhores, tenho 36 anos. Já comi algumas sardinhas pela vida fora e é precisamente por isso que sei que não gosto. 
Adoro o cheiro e até o sabor da sardinha assada, mas aquelas espinhas todas ditam um afastamento inabalável entre mim e este petisco. Já tive acesso, em tempos, a umas sardinhas enlatadas todas nices, sem pele, nem espinhas, e comia sem qualquer problema, uma delícia! Ora, todas as outras trazem as espinhas com elas e assim, não brinco. “Ai, mas são tão fininhas que nem se sentem” – Eu sinto e bem, obrigada. Depois de estar a mastigar uma amálgama de sardinha e respectivas mini-espinhas (que devem ser uns milhares), fico sempre a pensar se devo ou não engolir aquilo e porque raio terei tentado mais uma vez comer sardinhas.

Sardinhas, não é nada pessoal, tenho grande admiração por vós, que sois um peixe que faz bem à saúde, até tenho pena de não pertencer ao vosso clube de fãs, mas é assim. 

Bem-vindo, Verão!

Os dias, cá por terras minhotas, andam quentes e as noites, mornas e deliciosas. E ainda hoje é o primeiro dia de Verão!
Cá para mim, estamos já fora da minha janela de temperatura ideal (que fica mais ou menos entre os 23 e os 28ºC, durante o dia) mas basta jogar às escondidas com o calor, não me queixo. Assim sendo, ontem fomos para o Porto ao fim do dia e até de madrugada esteve calor! Eram 3 da manhã e ainda estávamos com mais de 20ºC! Fez-me mesmo lembrar esta noite de 2013, em Guimarães!
O Sr. Rui Veloso encheu a cidade, numa comemoração dos seus 35 anos de carreira, e aconteceu uma coisa curiosa. Apesar de ser um concerto ao ar livre, apesar de ver uma avenida dos Aliados a abarrotar de gente, de todas as idades e nacionalidades, havia uma atmosfera familiar. Era como se estivéssemos todos na sala de estar do Rui, com ele a tocar e a cantar para uns amigos.
O Verão tem este efeito: as pessoas andam mais contentes, mais satisfeitas e parece que o foco da atenção passou para temas mais leves: a praia, os chinelos, o bronzeado e os convívios, de preferência na rua. Gosto!
Sê bem-vindo, Verão!



Fechar portas para abrir janelas

Esta semana, num programa em directo, uma das intervenientes, a Manuela Moura Guedes abandonou o estúdio. Disse que se ia embora, explicou porquê, tirou o microfone e saiu.
Foi um assunto muito debatido, se fez bem, se fez mal, se tinha ou não motivos… Isso pouco me importa, aplaudo estas tomadas de posição e acho que devia haver mais, somos uns resignadinhos e há sempre candidatos para abusar da nossa boa vontade.
Recentemente, tive também o meu momento Moura Guedes. Há quem confunda a minha calma e simpatia com idiotice. Já cheguei a pensar que devia alterar estas minhas características, mas apercebi-me que não é por aí.
Aceitei uma proposta de trabalho, acertámos condições e fui enganada. Ao fim de 3 tentativas de acordo, achei que já era demais e bati o pé, a porta e disse “Basta!”
Se sinto que desperdicei 2 meses da minha vida? Um bocadinho, mas é com o erro que se aprende e aprender é sempre bom.
Portanto aqui partilho as minhas lições:
1- Por semana trabalham-se 40 horas. Não são 45, nem 50, são 40. Está na lei e é assim.
2- Nunca se começa a trabalhar sem que seja comunicado pelo empregador à Segurança Social que aquele trabalhador vai iniciar funções, para que sejam feitos os nossos descontos. Está na lei e é assim.
3- No contrato, que até deve ser assinado também antes do início de funções, têm de estar, por escrito, as mesmas condições definidas oralmente: ordenado, horário e tudo o resto.
4- Sempre que tenham dúvidas, é ligar para a ACT – Autoridade para as condições de trabalho, e eles esclarecem tudo.
Fechemos estas portas que não interessam a ninguém e que venham novas janelas, portas e portões! 

Aventuras... do desemprego #1


Nos últimos tempos, tive oportunidade de participar em entrevistas de emprego de duas formas diferentes, e, em ambas, assisti a situações inacreditáveis. Apesar da minha idade e experiência de vida, quando penso que já pouca coisa me surpreende, eis que me cai o queixo, mais uma vez, e outra, e outra...  

Ora então, tive de telefonar a pessoas que já tinham enviado o seu CV, mostrando interesse numa oferta de emprego, para marcar a entrevista. Os candidatos disseram-me coisas fantásticas, como:
“Não dá para ser mais tarde? É que às 9h00 é um bocado cedo…”;
“Amanhã às 9h00? Olhe deixe-me ver se posso e eu já lhe ligo.” – E não voltei a ter notícias do senhor;
“Olhe, eu vou, mas aviso já que não me interessa fazer descontos…”

Pois, e isto foi só o começo.
No dia da entrevista, apesar de ter feito os agendamentos na véspera, várias pessoas faltaram, outras chegaram atrasadas. O que também me parece bem. Porquê dar uma falsa ideia de responsabilidade e pontualidade a um potencial empregador?

Ao ligar para uma rapariga que estava a faltar, ela atende com uma voz nasalada e diz-me “Ai olhe, não pude ir, acordei cheia de febre, marque-me para logo à tarde.” – Doenças misteriosas que aparecem já com duração definida: só atacam da parte da manhã.

Antes da entrevista, cada candidato tinha de preencher uma ficha. Quantas pessoas trouxeram caneta? Aí 1 em cada 10.
Numa segunda remessa de contactos que fiz, referi explicitamente que tinham de trazer caneta para a entrevista: só metade se esqueceu, já foi melhor…

Recentemente fui eu a uma entrevista colectiva. Todos recebemos um emaiI de convocatória, informando que a mesma teria a duração de 1 hora. A todas as entrevistas a que vou, levo uma caneta e um caderno. Mas, neste caso e com esta duração, assumi que não iríamos jogar às cartas e pareceu-me ainda mais lógico ter comigo material de escrita. Éramos 6 pessoas: eu e outro candidato levámos caneta, os outros 4 tiveram de pedir aos entrevistadores, o que fica sempre bem.

A empresa é grande e conceituada e a função tem algum grau de responsabilidade. Uma rapariga foi de sapatilhas, outra a mascar pastilha elástica e uma terceira de t-shirt e calças de ganga desbotadas. Não estou a dizer que as pessoas se devam vestir de gala para uma entrevista de trabalho, mas acho que há mínimos.

Durante a entrevista, (não antes, mas sim, durante) ouve-se pela sala um ruído grave e ritmado: uma das candidatas deita a mão à mala (onde não se deu ao trabalho de enfiar uma caneta) e tirou o telemóvel, ao qual tirou o som.

Foi perguntado a todos há quanto tempo estavam desempregados e porquê. A maioria estava sem trabalhar há mais de 1 ano.
Uma rapariga, a das calças de ganga e t-shirt, que não levou papel nem caneta para a entrevista, que não se informou previamente sobre a empresa, que disse adorar falar línguas, mas que não conseguiu elaborar uma frase simples em Inglês e que respondeu sempre em tom arrogante e autoritário a todas as perguntas, apontou como motivo para estar ainda desempregada “Mau-olhado.”