Na "Cozinha" as receitas. "Fora de casa" as viagens que fazemos. A casa tem muitos recantos e as portas estão abertas para si!
Pausa
Sim, é aborrecido ter de trabalhar em alguns Sábados, mas
depois há o reverso: dias a meio da semana, que começam devagar. E esses são
bons dias. Um bom pequeno-almoço, sem pressas e uma lista para encher com as
coisas que quero fazer hoje. A única obrigação é incluir um monte de coisas de
que goste! Hmm que belo dia!
Nozes nº 15
Há
mil anos atrás, estava eu em casa, no nosso apartamento de estudantes, num raro
serão solitário, por motivos que já não recordo.
Tocas
à campainha. Quem procuravas não está e convido-te a ficar: está a começar o Gone
with the wind, na nossa microscópica TV da sala. Sentados no sofá, foi o primeiro filme
que vimos juntos e sozinhos. Já divertidos e confortáveis um com o outro, como
amigos que éramos, mas longe, muito longe de pensar que, dali a mil anos, seríamos
o prolongamento um do outro, que a nossa amizade havia de teimar em crescer por
outros lados, contra todos os meus receios e teorias, que longamente debatemos.
Às
vezes, sabe mesmo bem estar errada.
Bacalhau de Natal
Cá
por casa só comemos bacalhau cozido, com tudo a que tem direito, na noite de
consoada. Nessa refeição, até sabe bem, apesar de fazer sempre um bacalhau
alternativo, mais festivo e condizente com uma noite de festa, do que peixe
cozido.
Há uns dias que andava a pensar o que fazer com duas maravilhosas postas
de bacalhau e lembrei-me “Natal em Fevereiro… Porque não?”
Cozido,
só com umas nabiças, batatas e um bom azeite, um jantar quase natalício, um pouco
antes do Carnaval. Que bem que soube!
Pequenas coisas boas - arranjar as unhas
E
é oficial, não volto a aventurar-me a pintar as unhas. Às vezes caio no erro de
comprar um verniz de que goste (e claro que as cores que eu gosto são as fortes,
um belo vermelho, um rosa velho…) e depois tento pintar eu mesma as unhas.
Desastre completo! Para além da carga de nervos e do tempo que perco, o
resultado final é uma coisa indescritível, parece que mergulhei as cabeças dos
dedos em verniz! Lá se safam uma ou duas unhas, mas o problema é que tenho dez!
A
minha manicura lima e pinta impecavelmente por 2.5€, portanto acabou-se: temos
de encarar as nossas limitações e aceitar que há coisas que não conseguimos
fazer em condições.
Pois
hoje foi dia de mimo e pedi o tratamento completo. Quase que nem se nota que
gosto de roer as peles à volta das unhas… É pena não ter fotografado o "antes".
Estão lindas, ou estão lindas?
Ementa para jantar romântico 2
E
sai mais uma sugestão para o menu romântico de hoje, ou de qualquer outro
jantar apaixonado.
Pela
minha experiência recente, este Creme aveludado e delicioso pode ser o começo ideal, para uma noite chuvosa.
Depois, ficam 3
sugestões possíveis (ali na etiqueta "Cozinha", tenho dezenas de alternativas):
Para
quem tiver tempo para cozinhar: Enroladinhos de amor, um jantar diferente e saboroso.
Para
quem prefere embonecar-se, enquanto o prato se cozinha no forno: Quiche apaixonada, basta preparar tudo
em poucos minutos e dá-nos meia hora para relaxar…
Para
quem procura uma solução ultra-rápida, mas que pareça ter dado horas de
trabalho: Cremoso amoroso de bacalhau,
basta envolver e gratinar!
Para
a sobremesa, fica uma sugestão que adoramos cá por casa e, esta sim, só para
dias especiais: Petit-gateau com sorvete de manga. Compradinhos no hipermercado
e preparados no micro-ondas, em poucos segundos. O gelado tem mesmo de ser este,
tentámos com outros sabores, mas esta é a combinação perfeita.
E
viva o amor!
Creme de pimentos com leite de coco
Sou
uma cozinheira tradicional, no que toca a sopas. As minhas sopas têm normalmente uma base de
cozidos e não de refogados, mas, inspirada numa receita que vi na TV, decidi
arriscar…
Ingredientes
2
pimentos vermelhos médios
1
cebola grande
200
ml de leite de coco
Azeite
e sal qb
Alecrim
fresco para decorar
Preparação
Refogar
a cebola e o pimento em azeite. Adicionar o leite de coco e a mesma quantidade
de água, deixando cozer por 3-5 minutos. Temperar com sal e reduzir a creme,
num liquidificador ou com a varinha.
Servir
decorada com folhas de alecrim fresco.
É
um creme delicioso: equilibrado e perfumado, de sabor rico e textura cremosa. A
repetir!
Tagliatelle nero, com camarões
Encontrei
finalmente uma massa com tinta de choco que não em preço de assalto e foi
assim: uma explosão de cores para um jantar especial!
Ingredientes
(para
dois)
Tagliatelle
nero, para 2 pessoas
100
ml de natas
Meio
pimento vermelho
250 g
de camarão
1
cebola pequena
2
dentes de alho
1
ovo cozido
Sal,
azeite e coentros qb
Preparação
Cozer
os camarões e o ovo: descascar e reservar.
Saltear
os camarões em alho e azeite, retirar e reservar os camarões. No mesmo azeite,
fritar a cebola e o pimento, partidos em cubinhos. Adicionar as natas e os camarões,
rectificar o tempero e deixar engrossar um pouco.
Serve-se
este molho por cima da massa cozida e polvilha-se tudo com o ovo picado e
coentros frescos.
Aventuras... no comboio #3
Mais
um dia de tempestade, nada de novo.
Entro
no comboio. Um cheiro, entre cão molhado e selecção de enchidos, ataca-me de
imediato.
Sento-me
num dos poucos lugares disponíveis. Arrependimento instantâneo: o passageiro
ao meu lado exala um belíssimo bafo a alho. Tento várias estratégias para
fintar este cheiro, mas é como um nevoeiro verde que está por toda a parte. Lá disfarço,
entre creme das mãos perfumado, abundantemente espalhado pelas ditas e um
cachecol bem subido para o nariz.
A
viagem corre como habitualmente, enfio os fones nos ouvidos só para garantir que
não haverá tentativa de conversa. Hoje não quero saber de nada, passei o dia
todo a ser simpática, já chega.
Mais
uma paragem e entra uma mulher desgrenhada, de cabelo e roupa pretos: uma capa de
lã, cheia de borboto e um saco gigante do Lidl prendem-me o olho libriano. A
mulher parece um corvo gordo e entretenho-me a observar as unhas lascadas, de
um rosa dissonante.
De
repente, reparo que o comboio não retomou a sua marcha. Olho para o painel
informativo da carruagem e passa a mensagem: “avaria na catenária” bla bla “atraso”.
Penso para mim que engenharia de comboios devia ter sido uma disciplina obrigatória
algures, no meu percurso escolar, porque não faço ideia do que é uma catenária.
Suspiro, não quero saber de nada, hoje.
Ninguém
se mexe, nem o comboio. De repente um grupo de mulheres de saltos altos desfila
pelo comboio fora, em passo decidido, removo um dos fones, mas desconfio que não
são as mecânicas de serviço. Antes que alcancem a porta do maquinista, sai de
lá um revisor assustado que tenta gesticular e corresponder ao que quer que
seja que as mulheres dizem.
De
uns lugares ao lado, uma jovem desabafa: “Somos mesmo portugueses!” Não sei o
que quer dizer com isto, hoje sou esquimó, não quero saber de nada. O bafo-a-alho
responde qualquer coisa imperceptível e a corvo-gordo atira para o ar “O que
mais nos irá acontecer hoje? Tem sido um dia…” Ninguém lhe dá seguimento à
conversa e ela saca de uma bolacha de água e sal do seu saco, que rói, com ar
murcho e tristonho. Os borbotos da capa de lã enfeitados agora de migalhas.
Opto
por voltar ao fone e à música. Hoje não quero saber de nada. O comboio arranca suavemente e vejo sorrisos à
minha volta. Mais um dia.
Surpreendente doçura
Já
vi este senhor ao vivo, há muitos, muitos anos atrás. Foi um espectáculo
memorável de um artista que sempre me impressionou pela inteligência e pela
qualidade, mais do que pelos alegados boatos a seu respeito. De tantas músicas
poderosas, recheadas de força e de raiva, eis que surge um registo suave e
melancólico, surpreendentemente delicado, só para recordar que nada é o que
parece.
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