Recebi um postal do Centro de Saúde a pedir para lá comparecer, dia
19 às 17h30, levando o boletim de vacinas.
Como disponibilidade é coisa que não me falta actualmente, lá fui
eu, armada do dito boletim e do postal.
Dirigi-me à secretaria e foi isto que sucedeu:
Eu: Boa tarde, recebi este postal para cá vir.
(O Sr. pega no postal e lê)
Sr.: É a Dulcamara?
Eu: Sou sim.
Sr.: Sabe a data de nascimento?
Eu: A minha?... Sei… (o Sr não se está a rir, presumo que não era uma piada)
Sr.: Não, eu digo a da Dulcamara.
Eu: … Mas… sou eu.
Sr.: Ah, pensei que fosse de algum adolescente…
(Sinto um ponto de interrogação gigante a pairar sobre a minha
cabeça.
Respiro e franzo uma sobrancelha.
Digo a data)
Sr.: Não pode ser. Está cá inscrita? Diga lá outra vez a data.
(Respiro mais uma vez.
Repito a data)
Sr.: Ah, tinha-me enganado. Cá está.
(O Sr. escreve umas coisas e olha com ar aflito para o computador)
Sr.: Olhe, vai ter de aguardar, ficámos sem rede e não consigo
fazer a ficha.
Eu: Mas como deve ser só para actualizarem os dados do boletim de
vacinas, será preciso fazer uma ficha?
Sr.: Aah, a senhora vem para tomar uma vacina?...
Eu: Eu não. No postal é que pediam o boletim, imaginei que fosse para
isso.
Sr.: Mas tem vacinas em atraso, não é?
(Respiro)
Eu: Não, não tenho.
Sr.: Pois, é melhor aguardar um pouco.
Eu: Obrigada.
(Fico com os meus pensamentos e gargalhadas mentais.
Pois é melhor, é. Também teria sido melhor ficar em casa. Ainda
saio daqui com uma vacina a mais, querem ver?
Nisto entra uma enfermeira no guichet. O Sr. fala com ela e olham ambos
para mim.
É melhor aproximar-me…)
Enf.ª: Trouxe o boletim?
Eu: Trouxe.
Enf.ª: Então pode vir comigo.
(Enfim, salva!)
E, entre dois dedos de conversa, lá actualizou tudo no computador,
a partir do meu enfezado e semi-desfeito boletim de vacinas.
Mas será que estas visitas a certas instituições não podiam ser
normais? Poder podiam, mas não era a mesma coisa.