Entro na farmácia da freguesia vizinha e vejo uma senhora gorda,
de costas para mim, dobrada sobre um expositor. Como estava de bata branca e
não havia lá mais ninguém, presumi que lá trabalhasse e avancei para ela. Ela
vira-se, sorri, segue para o interior do balcão e diz-me “Bom dia!”. Arrisquei
um “Boa tarde”, afinal eram 15 horas. Ela estica ainda mais o sorriso e
corrige-se “Pois é, já é boa tarde, tem razão. E olhe que hoje até já almocei
e bem!” Solta uma pequena gargalhada. Peço o que quero e ela atira logo: “Você
não é de cá, pois não?” (Pronto, já me apanhou, vou passar a falar por gestos a
ver se passo mais despercebida. Sou sempre apanhada pelo meu mix de pronúncias.) “Vivo cá, mas não sou de cá.” “Ah e vive aqui na freguesia?” “Não, é já ali na
freguesia vizinha…” “Aaah. Vive naquelas casas amarelas, não?” E começo a
perceber que não vou levar as minhas coisas sem passar neste inquérito gorducho
e sorridente. E lá fui respondendo, mais umas 3 ou 4 perguntinhas e estava
despachada, coisa pouca.
Lembrei-me logo daquela anedota em que, no final, o senhor entra desesperado
na loja e exclama: “Já lhe dei as medidas da casa de banho, trago aqui o
azulejo e o aro da sanita, as minhas cuecas são tamanho L… Pode vender-me o
papel higiénico ou não?”
Foi mais ou menos isso.
Lembre-se que é bom conhecer os vizinhos, principalmente em terras pequenas.
ResponderEliminarAdoro conhecer pessoas novas e pelos visto a Sra da farmácia partilha deste mesmo gosto. Sé era escusado o interrogatório-quase-policial, podíamos ter combinado um café! XD
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